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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

CONFERÊNCIA DA DEUSA PORTUGAL 2019



Atenção interessadas e interessados do BRASIL neste evento:
Monica Giraldez e Yasmin Meera, de Florianópolis, estão organizando um grupo para viajarem até à Conferência da Deusa Portugal, em maio de 2019
 



Este é um texto de 2015, que decidi republicar porque entretanto o projeto de uma Conferência da Deusa para Portugal saiu do armário!... não sendo mais apenas o meu projeto, mas sim o projeto da Associação Cultural Jardim das Hespérides.

Sugiro então que salvem as datas de 17, 18 e 19 de maio de 2019. 


Para as nossas antepassadas e os nossos antepassados, o momento das colheitas, Lammas e Mabon, entre agosto e setembro, depois de todo o esforço despendido, era tempo de celebrar e sobretudo de agradecer à Deusa por todos os dons recebidos, pela manifestação das nossas intenções e projetos. Ainda hoje assim é no nosso território, onde em todos os fins-de-semana de verão várias localidades honram a sua Senhora ou o santo que Lhe tomou o lugar. Na espiritualidade da Deusa, a grande festa anual foi concebida por Kathy Jones em Glastonbury, Reino Unido, com a designação de Conferência da Deusa. O conceito de conferência neste caso pouca semelhança tem com aquilo que a palavra evoca para nós. Poderíamos chamar-lhe Festival, e várias pessoas no início alertaram a sua fundadora para a excessiva seriedade patriarcal de que o conceito se reveste, o que poderia desmotivar o público, constituído como é óbvio por mulheres e homens “da Deusa”. Kathy Jones, entretanto, não se deixou demover e levou a sua ideia por diante, até porque também queria que o evento se revestisse de seriedade. O facto é que o modelo se impôs e serve hoje em dia de referência e de inspiração para todas as Conferências da Deusa que anualmente acontecem por esse mundo fora.
Quando em 2011 fui pela primeira à de Glastonbury, senti que a minha vida só teria mesmo sentido se eu pudesse repetir a experiência, ir todos os anos participar naquilo que considero serem os Mistérios da Deusa, semelhantes a uma atualização das antigas vivências dos povos da Grécia em Elêusis. Pensar que a Conferência poderia estar a acontecer sem a minha presença seria demasiado doloroso, e este sentimento é partilhado por muitas pessoas que conheço e que aí vão todos os anos, custe o que custar. Vários testemunhos de mulheres, entretanto, comprovam que o que aconteceu comigo é um sentimento muito generalizado: uma profunda transformação nas nossas vidas. Isso deve-se não apenas a tudo aquilo que compõe o programa, comunicações, cerimónias, performances, workshops, como também a tudo o que lhe é transversal e que é igualmente sublime. De repente realizamos que somos criativas o suficiente, capazes o suficiente, fortes o suficiente, divertidas o suficiente, brilhantes o suficiente para criar eventos cheios de significado e de grandiosidade, feitos por e especialmente para mulheres. Percebemos como é relaxante e libertador estarmos em zonas livres de patriarcado, zonas de empoderamento do feminino e da mulher, e tomamos consciência da expansão que representa para nós enquanto seres humanos ocuparmos o centro, normalmente saturado de androcracia e patriarcalismo. Exultamos de alegria, de exuberância, de autoaceitação e de aceitação de toda a gente, mulheres, homens, crianças. Todas as formas, cores, tamanhos, géneros e idades são aceites e apreciadas tal como são, pelo que são, incorporações da Deusa, manifestações da Sua infinita criatividade.

Algumas convidadas são profundamente emblemáticas desta conferência como foi o caso de Lady Olivia Robertson (1917-2013), uma das primeiras sacerdotisas da nossa era, co-fundadora da Fellowship of Isis, que enquanto foi viva e lhe foi possível, teve sempre o seu momento especial na Conferência. Também Lydia Ruyle (1935-2016) e os seus estandartes representando Deusas de todas as culturas do mundo são parte do cenário de qualquer Conferência. E a lista é longa de artistas, autoras, performers e comunicadoras de todas as latitudes. De membro do público participante, entretanto, tornei-me Melissa e tive a minha primeira intervenção facilitando um workshop sobre a universalidade da Banshee em 2014. Na próxima, além dum workshop terei a função de Sacerdotisa do Círculo, neste caso uma Sacerdotisa Orbe, Orb Priestess, assim designadas em homenagem à Mãe do Ar o elemento celebrado nesta Conferência. E profundamente agradeço à Deusa por até aqui sempre me ter ajudado a concretizar o desejo que formulei em 2011 de estar presente neste evento, que trouxe à minha vida e à minha alma profunda expansão e significado. O meu projeto entretanto é, com a colaboração de outras irmãs sacerdotisas, trazer este evento também para Portugal.

Imagens:
1 e 2 - Glastonbury Goddess Conference 2017
3 - Glastonbury Goddess Conference 2015, com Lydia Ruyle

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

GLASTONBURY - A MÃE DE TODAS AS CONFERÊNCIAS




A 17.ª Conferência da Deusa de Glastonbury acabou no domingo por volta das quatro da tarde. Depois disso, desmontámos o cenário e na 2.ª feira às 19 e 30 foi a cerimónia de Lammas no Goddess Hall. O tema deste ano foi a Mãe, a energia da Criadora, daquela face da Deusa que nutre, que suporta a manifestação,  a vida. Os amarelos e os dourados prevaleciam sobre todas as cores. Cores da abundância e da riqueza.

Mas aí, na energia da Mãe, nem tudo foi colo, aconchego, nutrição, generosidade… Foi primeiro o doloroso recordar das feridas da Mãe, a Mater Dolorosa em nós. Nós filhas, nós mães… Como cuidamos ou negligenciamos, como fomos cuidad@s ou negligenciad@s … Cada ferida se abrindo, cada uma se oferecendo à consciência/cura…  Ir fundo no abandono, ir fundo na consciência da criança em nós que pede colo, ir fundo na consciência da Mãe ferida em nós que aprendeu a dar, dar, dar como única forma de pagar o seu direito de estar viva… Até que nas feridas abertas a Deusa lança o seu bálsamo e começas a fluir leve no amor, na alegria, na graça e na beleza do Feminino… Realizas como é justo e natural cultuar uma Criadora cujo corpo se abre para dele sair a vida, a vida que foi fabricada no seu corpo, com a sua própria substância…

Na noite depois da abertura, no Drama Sagrado Mother Matters, dirigido por Katie Player, dezasseis mulheres, à semelhança de Monólogos da Vagina, contaram-nos as suas histórias reais enquanto mães ou enquanto filhas, guiando-nos com graça pelos seus meandros mais obscuros, onde por vezes se podia ouvir o coro da tragédia ou o coro dos anjos, das fadas, dos unicórnios, nas dimensões aonde brincam agora os espíritos bem-amados…

Depois dessa noite, o tom das Senhoras de Avalon estava dado: não há por onde fugires, nem penses em fazer de conta, não vale virares a cara… Vais viajar pelos três mundos em segurança, é só veres como fazemos, repara bem, nós vamos à frente, abrimos-te o caminho… follow us, sister… vai com confiança aos teus infernos mais privados, onde serás acolhida pela toda-poderosa Keridween com o seu caldeirão de morte, transformação e renascimento…


Não conheço sobre esta terra lugar mais seguro, porque nenhuma parte de nós tem de ser negada ou suprimida aqui, nem o nosso natural gosto pelo enfeite, a exuberância, a cor, o puro divertimento…
Foi muita Mãe, sem dúvida, mas não tanto como na nossa cultura patriarcal onde este é o arquétipo feminino mais estimulado, validado, usado e abusado…  Muito peso. A Mãe suporta aqui, na nossa cultura… o insuportável…  E foi por isso que o trabalho da californiana Ava sobre o arquétipo da Rainha soube tão bem. Durante mais de duas horas, explorámos a riqueza do único arquétipo do Feminino que não pode coexistir com o patriarcado e que tem sido portanto o mais difamado e atacado. Aquela que governa, que conduz a energia, tem o poder de pura e simplesmente não a dar a seja o que for que, com o seu apurado discernimento, não lhe pareça ser a favor do bem maior, sendo que a Rainha em nós é o arquétipo mais impessoal, a que vê the big picture… Amei!


Completamente de acordo com Ava, a facilitadora da Rainha em nós, quando começou por pedir uma salva de palmas para Kathy Jones, a criadora da Goddess Conference, que, segura da sua visão e do seu poder, não teme rodear-se de outras Rainhas e com elas interagir, criando um evento cuja energia inspiradora irradia para o mundo inteiro e se arrisca a ser neste momento o foco da mais extraordinária revolução da atualidade…

Luiza Frazão

Imagens: Sacred Drama, Mother Matters e altar principal