Hoje uma amiga pede-me que fale das relações entre mulheres. Acreditamos que tais amizades sejam possíveis, pergunta ela, depois de citar alguém, um homem, muito cético sobre o assunto.
O que seria da minha vida sem as amizades, sem os laços que estabeleci com as várias mulheres com as quais fui sentindo afinidade ao longo dos anos? Garantidamente um deserto. As mulheres são seres vivos, animados, vibrantes, apaixonados, criativos, inteligentes, versáteis, compassivos, tolerantes. Antes de também serem carentes e inseguras. Tudo qualidades que reconheço em mim.
Mas o maior problema das mulheres é serem tão pouco livres e autónomas. Logo que entramos de cabeça na grande armadilha patriarcal chamada casamento, ou logo que a nossa vida começa a gravitar muito em torno dos homens – e é raro que isso não aconteça -, chapéu! Todo o nosso raciocínio fica ensombrado, já não somos “nós nem o outro, mas qualquer coisa de intermédio, pilar da ponte de tédio que vai de um para outro”, atrapalhando um bocadinho os famosos versos do poeta Mário de Sá Carneiro (O Outro).
Por que são, lamentavelmente, os homens muito mais centrais na vida das mulheres do que o contrário, já todas sabemos sobejamente, não vale a pena repetir tudo outra vez. Mas só para recapitular: quem nos mete medo tem muito poder sobre nós. Tem-nos na mão. Uma simples questão de sobrevivência. O poder que deixamos que os homens tenham sobre nós, visto de perto, é absolutamente ridículo e conseguiríamos neutralizá-lo se houvesse mais coesão entre as mulheres. Mas é a pescadinha de rabo na boca: seríamos mais livres se nos apoiássemos umas às outras; não nos apoiamos tanto como devíamos porque somos pouco livres.
Rosa Leonor Pedro disse:
ResponderEliminar"Gostei muito do seu texto Luiza...e gostaria imenso tocar o ponto crucial que você tão bem tocou...a importância dos homens e o foco principal, muitas vezes exclusivo, que eles assumem na vida das mulheres, o porquê? pois é aí que começa, ...não uma simples paixão (por mais louca que seja) ou uma absoluta dependência sexaul afectiva o económica, pelo lugar que o casamento como finalidade da vida de uma mulher assume...mas por uma razão muito antiga e muito terrível ...uma razão oculta e matreiramente escondida do vulgo e das mentes comuns, do conhecimento intelectual. Prende-se com as energias...energias e e sinergias...trata-se do controlo absoluto ao nível tão fundo e orgânico que a mulher nâo sonha como ...nem consegue libertar-se. Só mulheres que de facto entrem em vias iniciáticas e queriam avançar num processo de auto-consciência e individualidade, senão enquanto mãe e amante ela continuará sujeita ao mesmo mecanismo psíquico e ao vampirismo energético de que é vítima sem o saber há milénios... é através desse vampirismo (por via sexual) que ela sustenta os homens no planeta a níveis que sua mente nunca dará crédito e assim ela será sempre presa fácil do homem..."
Rosa Leonor Pedro (Mulheres & Deusas Blogue)
Ainda Rosa Leonor:
ResponderEliminar"Quanto à amizade ela existirá sim, mas sempre - praticamente - em segundo plano como a Luiza vê...logo que a mulher casa ou tem casa e tem filhos, mesmo para além do tempo que a ocupa, é mais subtil... as amizades ficam em segundo lugar e mesmo a mãe ou uma irmã...ficam em segundo ou 3º lugar...era importante indagar e pesquizar porquê?"
Ana Paula Dias:
ResponderEliminar"Eu não tenho irmãs, mas posso dizer que a minha mãe é e será sempre a minha maior amiga, ela é o meu porto de abrigo em tudo, seja nas alegrias nas tristezas em tudo. Realmente em relação a primas, tias, avós, cunhadas e etc é mesmo muito complicado o relacionamento... e porquê???????????????"
Acredito, Rosa, que esse vampirismo energético pela via sexual exista. Mesmo a um nível mais visível o homem suga imensa energia à mulher, considerando-se superior, humilhando-a, silenciando-a para que ele possa brilhar. Há muito essa questão da luz, creio eu, as mulheres são seres mais luminosos e os homens querem muito essa luz.
ResponderEliminarRosa Leonor:
ResponderEliminar"anda por aí sim...mas é mais grave do que pensamos. Se um dia poder, leia A Travessia das feiticeiras de Taicha Abelar...xamã e na linha de carlos castanheda. eu tenho o livro...se quiser ler..."
Ana Cortiñas Payeras:
ResponderEliminar"Interesante debate al que llego tarde y no sé si entiendo todo...me llama la atención la pregunta porque yo siempre he tenido amigas. Básicamente, he tenido amigas. Siempre he tenido amigas con las que hemos podido compartir los vaivenes de... las parejas y desparejas...y de los ciclos de la vida. Cierto que cuando no hay madurez, competimos. Cuando no hay autoestima, las otras pueden ser rivales. Pero mi experiencia es que las mujeres podemos darnos mucho afecto, nos fomentamos la sensualidad y somos cómplices de lo cotidiano con mucha facilidad."