O poder da Deusa, que se manifesta por meio das mulheres, é uma matriz emocional que convida a uma fusão ou simbiose inconsciente e transmite uma sensação de chegada a casa.Jean Shinoda Bolen
sexta-feira, 30 de julho de 2010
OS PÓLOS YIN E YANG
Ensina-nos a Sabedoria Taoísta
que a Unidade se desdobrou no
Pólo Yang
e no Pólo Yin do Mundo.
Yang é o Pólo Activo,
expansivo, diurno, criativo e emandor.
do Yang surge a essência do Masculino.
Yin é o Pólo Passivo, receptivo, nocturno,
gestativo e acumulador.
Do Yin nasce a essência do Feminino.
Yin e Yang
definem-se como realidade diferenciada
e fundamental.
Entre eles gera-se a tensão
A que chamamos energia.
Tudo é energia.
O Universo é um todo energético,
dividido e polarizado.
São dois pólos contrários
que activam os Cículos Cósmicos,
que por sua vez geram a Vida.
Cada Ser Humano é Yin e Yang.
Tem em si as duas polaridades.
A dimensão receptiva, passiva
e interiorizada do Ser
é o seu pólo Yin,
o seu lado mais obscuro,
o que dificilmente hoje se manifesta.
Séculos de História
criaram a supremacia do Yang.
Esta supremacia deu origem a uma Cultura
predominantemente Masculina.
Com o tempo, a afirmação Yang
levou à perda do Yin.
O nosso lado passivo, feminino,
interiorizado, meditativo e receptivo
deixou progressivamente de ser valorizado
pelo pensamento comum.
Sem se darem conta, as Mulheres
ficaram condicionadas e limitadas
por uma Sociedade criada por Homens
e para Homens,
onde a sua contribuição feminina
não encontra lugar.
No séc. XX a afirmação do Yang
tornou-se de tal modo radical,
que o comum das pessoas se perdeu
das experiências mais profundas da vida,
reveladas pela dimensão interior.
Já ninguém sabe lidar com a noite,
com a pausa,
com os intervalos na acção,
Com tudo o que existe
quando se acaba o movimento.
Não se valoriza o Silêncio,
o que não tem forçosamente de ser dito,
o que não tem forçosamente de ser dito,
o que se subentende.
As pessoas perderam-se do Yin,
confundidas no Yang,
na afirmação extrovertida da personalidade,
nas conquistas,
nas guerras de todas as naturezas.
O contrário da afirmação
significa receptividade,
a capacidade de receber o Mundo,
de sentir o reverso das coisas.
É a revelação da Vida interior,
isso que nos habita.
Maria Flávia de Monsaraz, O RETORNO DO FEMININO, Hugin
Imagem: Google
quinta-feira, 29 de julho de 2010
UM ALTAR PARA DEMÉTER
Ofertas que tradicionalmente se faziam a Deméter: lã virgem, espigas de cereais, mel. Os restantes elementos: água (a concha), fogo (a vela), ar (a campainha). O ninho com as cascas de ovos de andorinha (hóspedes cá de casa...) é um símbolo da maternidade.
O RAPTO DE PERSÉFONE - ACTUALIZAÇÃO DO MITO
Algo de muito estranho aconteceu quando investigava sobre Deméter. Embora praticamente não veja televisão, nesse sábado, enquanto alimentava uma pessoa da minha família acamada, ouvi no telejornal da noite uma notícia estranhíssima: “Mulher mexicana procurou a filha desaparecida durante nove dias”!...
Nove?!... nem oito, nem dez, mas… nove!
A notícia, entretanto, continuava: a criança, deficiente, fora encontrada morta aos pés da cama, enfiada num saco entre o estrado e o colchão, e a mãe era suspeita… Embora testemunhos referissem o avistamento dum homem misterioso pelas redondezas…
Isto estava a passar-se no mundo real (isso existe?...), ou seja, o mito do rapto de Perséfone em plena actualização ali para mim… Então, conteúdos do meu próprio inconsciente em plena revelação…
Pânico. Aquela história ilustrava um mundo completamente às avessas no qual a mãe, em vez de sofrer desesperadamente, era agora a própria algoz…
Bom, imaginam como me senti...
Na verdade, a maternidade representa um corpo de dor imenso, para usar o conceito criado por Eckart Tolle, no livro "O Poder do Agora". Sem a nossa ligação a um plano superior, à Mãe Divina, facilmente ficamos prisioneiras do medo e da culpa… Sem a presença em nós do arquétipo de Deméter, se não o evocamos e cultivamos – ajuda criarmos-lhe um altar (imagem do post seguinte).
Clarissa Pikola Estés, no seu livro “Mulheres que Correm com os Lobos”, fala-nos dos vários tipos de mães ... (continua)
quarta-feira, 28 de julho de 2010
DEMÉTER
Deméter é a deusa grega da manifestação, da renovação da natureza, da agricultura, das dádivas da terra, do alimento/nutrição. A semente, promessa da renovação e da continuidade da vida, personificada pela sua filha Perséfone, é a Sua grande dádiva à humanidade.
Ela representa então o aspecto Mãe da Deusa. Como Mãe, Ela é a deusa da criação e por isso é sempre associada à sua filha Kore/Perséfone, a sua criação, o seu fruto, a sua semente.
Perséfone, entretanto, é vítima duma catástrofe que afecta profundamente ambas, Mãe e Filha, um dos pares mais importantes do Olimpo. A donzela é certo dia raptada por seu tio Hades, o senhor dos Infernos, com o consentimento de seu pai, Zeus (irmão da própria Deméter...). Tal acontece quando, alegre e despreocupadamente, colhe flores no prado.
Desesperada, a mãe vagueia então pela terra, durante nove dias, implorando pela filha e decretando a morte de toda a vegetação. Nada mais crescerá sobre a terra, não haverá mais alimentos, até que Perséfone seja restituída sã e salva a sua mãe Deméter…
A história, entretanto, termina bem, pois a vítima acaba mesmo por ser enviada de volta à casa materna, embora apenas por alguns meses do ano, sendo que nos restantes, vai ter de descer aos infernos, para junto de Hades, que fez dela a senhora e rainha desse lugar...
E percebemos que se trata da expressão alegórica da mudança das estações, sendo os processos de morte por que passa a natureza no Outono/Inverno simbolizados pelo rapto de Perséfone.
Mas o mito é muito mais rico e profundo. Um dos seus aspectos, segundo vários autores, são as fortes reminiscências que aqui encontramos da luta travada pelo patriarcado para se impor numa sociedade à partida matriarcal…
Para a Psicologia dos Arquétipos, entretanto, Deméter representa a maternidade, e a relação com Perséfone a própria relação mãe/filha, sendo o rapto o símbolo do processo de individuação da rapariga, o momento em que esta se desliga da mãe e se assume como mulher…
Temos então aqui aquilo a que poderíamos chamar o percurso da heroína, um percurso que, muito embora passe igualmente pelos infernos, nada tem a ver com o que é próprio de um herói.
Ela representa então o aspecto Mãe da Deusa. Como Mãe, Ela é a deusa da criação e por isso é sempre associada à sua filha Kore/Perséfone, a sua criação, o seu fruto, a sua semente.
Perséfone, entretanto, é vítima duma catástrofe que afecta profundamente ambas, Mãe e Filha, um dos pares mais importantes do Olimpo. A donzela é certo dia raptada por seu tio Hades, o senhor dos Infernos, com o consentimento de seu pai, Zeus (irmão da própria Deméter...). Tal acontece quando, alegre e despreocupadamente, colhe flores no prado.
Desesperada, a mãe vagueia então pela terra, durante nove dias, implorando pela filha e decretando a morte de toda a vegetação. Nada mais crescerá sobre a terra, não haverá mais alimentos, até que Perséfone seja restituída sã e salva a sua mãe Deméter…
A história, entretanto, termina bem, pois a vítima acaba mesmo por ser enviada de volta à casa materna, embora apenas por alguns meses do ano, sendo que nos restantes, vai ter de descer aos infernos, para junto de Hades, que fez dela a senhora e rainha desse lugar...
E percebemos que se trata da expressão alegórica da mudança das estações, sendo os processos de morte por que passa a natureza no Outono/Inverno simbolizados pelo rapto de Perséfone.
Mas o mito é muito mais rico e profundo. Um dos seus aspectos, segundo vários autores, são as fortes reminiscências que aqui encontramos da luta travada pelo patriarcado para se impor numa sociedade à partida matriarcal…
Para a Psicologia dos Arquétipos, entretanto, Deméter representa a maternidade, e a relação com Perséfone a própria relação mãe/filha, sendo o rapto o símbolo do processo de individuação da rapariga, o momento em que esta se desliga da mãe e se assume como mulher…
Temos então aqui aquilo a que poderíamos chamar o percurso da heroína, um percurso que, muito embora passe igualmente pelos infernos, nada tem a ver com o que é próprio de um herói.
terça-feira, 27 de julho de 2010
FEMININO E MASCULINO - AS PARTES COMPLEMENTARES
FEMININO/INTUIÇÃO
Recebe a energia criativa universal; é a parte receptiva do canal, a porta aberta através da qual a energia do universo pode fluir - parte mais profunda e sábia de nós, que comunica connosco através da intuição (incitação interior, sentimentos ou imagens, surgidas das nossas profundezas). A intuição pode revelar-se nos sonhos, nas emoções ou no corpo físico. Ela é a fonte de sabedoria superior dentro de nós, que nos poderá conduzir na perfeição se a soubermos ouvir e a seguirmos. É o aspecto que é inspirado por um impulsivo criativo que nos é comunicado sob a forma de um sentimento, porta para a nossa inteligência superior. Ela diz:
- Eu sinto isto. Eu Quero isto.
A natureza do feminino é sabedoria, amor e clarividência expressa através de sentimentos e desejos; força tendente à fusão e à unidade.
MASCULINO/ACÇÃO
Exprime a energia criativa universal no mundo através da acção; parte transmissora do canal - a nossa capacidade de agir, de fazermos as coisas no mundo físico – pensar, falar, mover o corpo.
O nosso lado masculino age em função desse impulso, falando, movimentando-se ou fazendo o que é necessário. Escuta e age de acordo com os sentimentos do lado feminino. A sua verdadeira função é agir com absoluta clareza, duma maneira directa e com uma força impetuosa, apoiando-se naquilo que o universo em nós nos diz através do nosso lado feminino:
- Estou a escutar os teus sentimentos. O que queres que eu faça?
- Queres isto? De acordo, perfeito, vou buscá-lo para ti.
E vai directamente satisfazer o seu pedido, com a certeza absoluta de que no seu desejo reside a sabedoria do universo.
A natureza do masculino é arriscar tudo na acção ao serviço do feminino, tal como o cavaleiro pela sua donzela, abandonando-se a ela e agindo por ela.
A nossa energia masculina constrói em nós a estrutura duma personalidade que protege e honra a energia sensível do nosso lado feminino intuitivo.
O simples facto de ter fome e de ir à cozinha comer ilustra este processo.
Para se ter uma vida harmoniosa é necessário ter tanto a energia masculina como a feminina totalmente desenvolvidas e a funcionar correctamente em conjunto.
Para integrar completamente o feminino e o masculino interiores devemos dar o papel de liderança ao lado feminino.
Quando estas duas energias estão em harmonia e funcionam em conjunto, a sensação é incrível. Um canal sólido, aberto, criador, através do qual circulam o poder, a paz e o amor.
Fonte: Shakti Gawain, “Vivendo na Luz”, Pergaminho
Imagem: Juno e Júpiter (Hera e Zeus)
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