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quarta-feira, 28 de julho de 2010

DEMÉTER

Deméter é a deusa grega da manifestação, da renovação da natureza, da agricultura, das dádivas da terra, do alimento/nutrição. A semente, promessa da renovação e da continuidade da vida, personificada pela sua filha Perséfone, é a Sua grande dádiva à humanidade.

Ela representa então o aspecto Mãe da Deusa. Como Mãe, Ela é a deusa da criação e por isso é sempre associada à sua filha Kore/Perséfone, a sua criação, o seu fruto, a sua semente.

Perséfone, entretanto, é vítima duma catástrofe que afecta profundamente ambas, Mãe e Filha, um dos pares mais importantes do Olimpo. A donzela é certo dia raptada por seu tio Hades, o senhor dos Infernos, com o consentimento de seu pai, Zeus (irmão da própria Deméter...). Tal acontece quando, alegre e despreocupadamente, colhe flores no prado.

Desesperada, a mãe vagueia então pela terra, durante nove dias, implorando pela filha e decretando a morte de toda a vegetação. Nada mais crescerá sobre a terra, não haverá mais alimentos, até que Perséfone seja restituída sã e salva a sua mãe Deméter…

A história, entretanto, termina bem, pois a vítima acaba mesmo por ser enviada de volta à casa materna, embora apenas por alguns meses do ano, sendo que nos restantes, vai ter de descer aos infernos, para junto de Hades, que fez dela a senhora e rainha desse lugar...

E percebemos que se trata da expressão alegórica da mudança das estações, sendo os processos de morte por que passa a natureza no Outono/Inverno simbolizados pelo rapto de Perséfone.

Mas o mito é muito mais rico e profundo. Um dos seus aspectos, segundo vários autores, são as fortes reminiscências que aqui encontramos da luta travada pelo patriarcado para se impor numa sociedade à partida matriarcal…

Para a Psicologia dos Arquétipos, entretanto, Deméter representa a maternidade, e a relação com Perséfone a própria relação mãe/filha, sendo o rapto o símbolo do processo de individuação da rapariga, o momento em que esta se desliga da mãe e se assume como mulher…

Temos então aqui aquilo a que poderíamos chamar o percurso da heroína, um percurso que, muito embora passe igualmente pelos infernos, nada tem a ver com o que é próprio de um herói.

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