Uma História que nos Traz Esperança, por Elizabeth Chloe Erdmann
Há muitos anos atrás, havia uma antiga civilização minoica
na ilha grega de Creta que foi anterior às nossas ideias mais comuns de como
era a Grécia antiga ...
Antes de Platão, Aristóteles, da Acrópole, antes de
Alexandre - antes da Guerra de Troia - antes de Esparta...
Havia uma civilização como nenhuma outra em Creta, a maior
das ilhas gregas flutuando de forma autossuficiente num espaço entre o sul da
Europa e o norte da África; era uma cultura de comércio marítimo. Há quatro mil
anos, pequenas aldeias agrícolas começaram a construir "centros
sagrados", geralmente chamados de "estruturas palacianas". O seu
fim permanece um mistério altamente contestado. Os valores da Creta antiga eram
semelhantes a muitas culturas e tradições indígenas - como os Haudenosaunee ou
os iroqueses: reverência por todas as espécies animais e vegetais e um sentido
profundo da natureza colectiva da existência.
Então, o que acontecia antes nessa misteriosa ilha de Creta?
Os seus frescos retratam jogos que consistiam em saltar
sobre um touro. (Sim, falamos de pessoas que saltam sobre os chifres duma
criatura bovina.) Isso contrasta totalmente com o foco na violência contra os
animais, como touradas e sacrifícios, retratados nas civilizações que se sucedem
à minóica. Os frescos minoicos mostram figuras masculinas e femininas agarrando
o touro pelos chifres e saltando através deles dando uma espécie de salto
mortal. Saltar sobre o touro poderia ter sido um desporto sagrado e extático
para a geração mais jovem ou um tipo de iniciação.
Então, voltando ao que aconteceu com essa cultura, é algo de
muito misterioso. Sabemos por escavações que houve um imenso evento vulcânico
catastrófico na antiga Thera (agora conhecida como Santorini), que enfraqueceu
a cultura minoica. A chegada dos micénicos da Grécia continental levou a uma
mistura relativamente breve de culturas. Na arte micénica, vemos cenas que
retratam heróis conquistando a natureza, mulheres como vítimas e violência
contra animais. Depois de algumas centenas de anos, a sociedade micénica chegou
ao fim. As pessoas retiraram-se para as montanhas e a Grécia entrou num período
conhecido como idade das trevas que durou cerca de quinhentos anos. Depois
disso, vieram Homero e os famosos filósofos da Grécia.
Existem traços da visão de mundo minoica na nossa cultura? E
por que devemos preocupar-nos com Creta e a cultura minoica?
Elizabeth Chloe Erdmann é uma teórica apaixonada pela “Teologia Nómade”
- com uma profunda atracção pela história relacionada com a Deusa. Erdmann tem
mestrado em estudos teológicos pela Boston University, esteve associada à Amarkantak Tribal University na Índia e actualmente
faz um doutorado pesquisando sobre o Contemporary Feminist Goddess Worship
& Thealogy, na University College Cork, Irlanda. É autora publicada e
palestrante regular sobre cultura, religião e feminismo e co-lidera a
Peregrinação da Deusa, que tem lugar na Primavera a Creta, com Carol P. Christ.
Mora em Chittenango, no interior do estado de Nova York, nas terras ancestrais
da soberana Nação Onondaga, guardiães do fogo do Haudenosaunee - um povo
indígena matrilinear com muitos costumes semelhantes aos da Creta antiga. Envolvida
em ativismo e pesquisa com Sally Roesch-Wagner, no centro Matilda Joslyn Gage
para Justiça Social em Fayetteville, NY, considera-se uma mulher curiosa e
apaixonada pelos mistérios do mundo.
https://feminismandreligion.com/2020/10/26/a-story-to-inspire-hope-by-elizabeth-chloe-erdmann/#more-50552
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