Conteúdos

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O PRIMEIRO TEMPLO DA DEUSA DA ACTUALIDADE


Entrevista realizada a Kathy Jones, sacerdotisa de Avalon, organizadora da Conferência anual da Deusa, pela BBC Somerset Sound's:

Kathy, sendo uma especialista como tu és, podes explicar-nos o que é exactamente a Deusa?

A Deusa é a face feminina do divino. Ela é a fonte de tudo o que é, Ela é a terra e o planeta, Ela é o céu e o paraíso.

Há quanto tempo existe esta ideia da Deusa?
Há cerca de 4 ou 5 000 anos, a Deusa era cultuada nas Ilhas Britânicas, na Europa e em muitos outros lugares do mundo.
Onde quer que encontremos vestígios neolíticos (círculos de pedras, pedras ou terras sagradas) todas eram especialmente dedicadas a uma antiga deusa em particular. Portanto a Deusa era conhecida por esse mundo fora há muito, muito tempo.
Foi só quando as culturas patriarcais se instalaram no mundo, removendo as manifestações do Seu culto, que nós deixámos de estar em contacto com a Sua essência.
Como se relaciona a Deusa em particular com Glastonbury?

O modo como encontramos a Deusa em Glastonbury é através da própria paisagem, da forma dos montes e dos vales. Glastonbury é uma cidade situada num pequeno grupo de colinas, composto pelo Tor, pela colina do Cálice (Chalice Hill) e pelas Wearyall Hill, Windmill Hill e Stone Down. Estas Colinas erguem-se na planície que rodeia Glastonbury, e quando olhamos para a sua forma, podemos ver as diferentes linhas dos seus contornos. Uma das formas observáveis é a de uma gigantesca mulher deitada de costas sobre a terra. É a Deusa Mãe deste lugar.
Apenas a encontramos aqui, em Glastonbury, ou será que Ela está também noutros sítios?

A Deusa está em todo o lado. Podemos ver belas paisagens em qualquer lugar, mas alguns sítios são particularmente belos. Glastonbury é um dos lugares onde A podemos ver de modo mais óbvio, porque Ela está aqui, na própria paisagem. Este sempre foi um lugar de peregrinação, pessoas de todas as confissões religiosas vêm até cá. Portanto, apesar da Deusa estar aqui na própria paisagem, as pessoas vêm, não aparentemente por isso, mas porque isto é um centro espiritual.
Existe algo de muito forte na energia deste lugar que atrai as pessoas.
Acha que aquilo que sente quando está em Glastonbury é devido à presença da Deusa?

Penso que sim. Porque Ela é uma presença muito poderosa. Outras pessoas dirão que vêm cá por outras razões.
Quando vim pela primeira vez, há cerca de 30 anos, ninguém falava na Deusa.
Todas as histórias sobre Glastonbury eram sobre personagens masculinos. Era uma tradição muito masculina. A consciência da Deusa apenas despertou nos últimos 20 anos.
O que terá provocado este ressurgimento da Deusa?


A meu ver, esse despertar veio da própria Deusa. Ela pede-nos para A relembrarmos. Muitas pessoas, particularmente mulheres, são chamadas a Glastonbury, para A relembrarem, para virem aqui e tornarem-se sacerdotisas de novo. Em termos práticos, as coisas começaram a acontecer. Uma escultora chamada Philippa Bowers começou a criar esculturas da Deusa. Na Glastonbury Assembly Rooms, tivemos uma exposição de quadros representando a Deusa. Há umas largas centenas de anos que tal não acontecia.
Também eu própria, e outras pessoas, escrevemos livros e peças de teatro sobre a Deusa. Houve uma série de factores que se juntaram em simultâneo.
Será que as mulheres têm mais conexão com a Deusa do que os homens?

Mulheres, homens, crianças, todos são iguais perante a Deusa – Ela não discrimina. De certo modo, é mais fácil para as mulheres conectarem-se com a Deusa porque nos identificamos na nossa forma e nos nossos corpos. Experienciamos os Seus ciclos na nossa vida. Mas para os homens é igualmente poderoso. Eu faço formação de sacerdotisas de Avalon, que é um curso aberto igualmente aos homens, e eles têm a sua própria relação com a Deusa – não existem diferenças perante Ela.

A Kathy foi uma das fundadoras do Templo da Deusa em Glastonbury. Como é que isso aconteceu e qual a sua finalidade?

Em Glastonbury, cada Verão, nós temos a Conferência da Deusa. Todo o tipo de pessoas vêm aqui nesse momento – artistas, poetas, actores, etc. Depois de alguns anos (completaram-se agora 11), pensámos que gostaríamos de poder celebrar a Deusa de forma contínua durante todo o ano e não apenas uma vez. Viajei muito e em quase todos os lugares onde estive há templos da Deusa, mas estão todos em ruinas. Então pensei em como gostaria de ir a um templo vivo da Deusa. Começámos por alugar um espaço, decorávamo-lo durante três ou quarto dias como um templo da Deusa, realizávamos cerimónias e depois desmontávamo-lo.
Foi assim durante uns 18 meses até que surgiu um espaço disponível na Glastonbury Experience, que é exactamente na rua principal, e pudemos finalmente ter um verdadeiro Templo da Deusa.
Em 2002, fizemos o nosso registo como um local de culto, como um templo da Deusa, o primeiro a ser formalmente reconhecido como templo da primitiva Deusa britânica, desde há cerca de 1 500 anos.

Dezembro de 2008




Nota: No seguimento da entrevista (disponível em audio aqui), Kathy Jones fala da importância da obra de Marion Zimmer Bradley, AS BRUMAS DE AVALON, que apresenta uma perspectiva feminina das antigas lendas e narrativas, e que teve um enorme impacto por todo o lado.

Embora ela não refira Jean Shinoda Bolen, creio que também esta psicóloga junguiana, particularmente com a obra TRAVESSIA PARA AVALON, teve um papel importantíssimo no ressurgimento do culto da Deusa e no recrudescimento do interesse por Glastonbury e outros lugares sagrados britânicos.

Uma outra obra de grande importância no despertar do interesse por este lugar, mas que não me parece que tenha chegado até nós, foi O SOL E A SERPENTE (THE SUN AND THE SERPENT), de Paul Broadhurst e Hamish Miller. Dan Brown, com O CÓDIGO DA VINCI, também deu uma boa ajuda.
Imagens: Google

MENSTRUAÇÃO SAGRADA


por Monika von Koss

"Menstruar é um facto central na vida de qualquer mulher. Das diferenças que existem entre homens e mulheres, 'sangrar sem morrer' certamente é uma das mais significativas e que deixou forte impressão na mente humana, desde o primórdio dos tempos. Para as nossas ancestrais da Idade da Pedra, o sangue menstrual era sagrado. A palavra sacramento provavelmente tem origem em sacer mens, literalmente, menstruação sagrada.

Menstruação significa "mudança de lua". Tem como sílaba-raíz mens, mensis, e está na origem da contagem do tempo. Forma palavras como medida, dimensão, metro, mente, para citar algumas.

O sangue menstrual, representando o poder de criar vida que conecta as mulheres com o próprio universo, era tabu, palavra polinésia significando "sagrado" e "proibido". Nas sociedades tribais, a menarca, o início do fluir do sangue, era celebrado com um rito de passagem, auxiliando a menina a realizar a sua entrada para o reino do mana: o poder sagrado transmitido pelo sangue e que tanto podia dar como tirar a vida.


" O que define uma mulher? Muitas respostas poderiam ser dadas a esta pergunta, mas o que caracteristicamente a define é o facto de que a mulher menstrua. E na sua condição plena, ela menstrua regularmente, expressão redundante, pois a palavra menstruação, que significa, literalmente, ‘mudança de lua’, tem como sílaba-raiz mens, mensis, a medida, origem da contagem do tempo, i.é., da regularidade.


A sílaba latina mens forma palavras como medida, dimensão metro, mente, para citar algumas. No sânscrito, a sílaba original era ma, de mãe, mana. Na Suméria, os princípios organizadores do mundo, atributos da deusa Inana, eram os me, sílaba contida no nome de muitas deusas, como Medéia, Medusa, Nêmesis e Deméter. Para as mulheres da Idade da Pedra, o sangue menstrual era sagrado. É provável que a palavra sacramento se origine de sacer mens, literalmente, menstruação sagrada. Um ritual exclusivamente feminino, conhecido pelos gregos como Thesmophoria, mas cuja origem se perde no tempo, era realizado anualmente no período das sementeiras. As mulheres que tinham atingido a idade do sangramento reuniam-se num campo sagrado, e ao primeiro sinal do fluxo menstrual, desciam por uma fenda para levar a sua oferenda às Cobras, as grandes divindades primárias do mundo profundo, que representam o poder regenerador na terra, no campo e no corpo das mulheres.


Mooncup


Ofereciam o melhor leitão da ninhada, cuja carne apodrecida junto ao sangue menstrual era misturada às sementes, que então eram enterradas no campo sagrado, para promover e propiciar uma colheita abundante.


Os antigos ritos de menstruação hindus estão relacionados com Vajravarahi, literalmente ‘Porca de Diamante’, a deusa que rege as divindades femininas iradas, que dançam o campo energético do ciclo menstrual.


Ela é a dançante Dakini vermelha, filha da Deusa Primal do Oceano de Sangue, mais tarde denominado de Soma.


Representando o fluido da vida, o sangue menstrual sempre foi considerado tabu, palavra polinésia que significa ‘sagrado’ e que foi interpretada pelos antropólogos como sendo ‘proibido’. De fato, o sangue menstrual, como o poder de criar vida que conecta as mulheres com o próprio universo, era tabu, isto é, sagrado e portanto proibido àqueles que não menstruassem, como era o caso dos primeiros antropólogos homens.


No mais esotérico dos rituais tântricos, o Yoni Puja, os sucos libertados pela cópula eram misturados com vinho e partilhados pela congregação. O mais poderoso de todos os sucos era aquele obtido quando a yogini estava menstruando.


Ao longo dos milénios, as mulheres têm desaprendido a arte de menstruar, de fluir com a vida. Nas sociedades tribais, a menarca, o início do fluir do sangue, era celebrada com um rito de passagem, auxiliando a menina a realizar a sua entrada para o reino do mana: o poder sagrado transmitido pelo sangue e que tanto podia dar como tirar a vida. Além de apaziguar o poder destruidor, o rito tinha como função auxiliar a menina a entender a sua condição física e a sua relação com a função procriadora da natureza. Ainda uma criança em espírito e condição social, a partir das suas regras, a jovem devia assumir o comando de sua vida. Sem ritos de passagem, o que temos para oferecer às nossas meninas, que as ajude a transformar-se e a assumir a sua nova identidade?


Ao longo do processo civilizacional, a menstruação foi sendo depreciada, relegada, tendo-se tornado um tabu. O que era sagrado tornou-se proibido, sujo, contaminado. A regra passou a ser esconder a regra. O resultado disto foi que o evento central na vida de toda a mulher madura se tornou invisível. Ironicamente, retorna à visibilidade para se tornar um negócio milionário, o dos absorventes ditos ‘higiénicos’, mas que continua a reforçar a ideia de que o sangue menstrual é ‘sujo’. O apelo maior da propaganda de absorventes é tornar a menstruação invisível. Promete que usar tal ou tal marca de absorvente possibilita à mulher levar a vida como se nada estivesse acontecendo em seu corpo. Descaracteriza-a como mulher, negando sua característica mais distintiva.

Devemos abolir os absorventes? É claro que não, pois não vivemos na Idade da Pedra. Mas talvez devêssemos nos espelhar no exemplo das índias andinas, que simplesmente se agacham e deixam o seu sangue fluir para a terra. Impossibilitadas de agir assim numa terra coberta de asfalto, podemos, contudo, transformar esta prática num ritual. É importante para as mulheres recuperarem o sentido sagrado do facto biológico central nas suas vidas. Pois, ainda hoje, a maioria das mulheres ‘emancipadas’ acredita que a suas regras (aquilo que as rege) é uma inconveniência que, se possível, deveria ser eliminada. Se formos capazes de romper com esta crença, talvez possamos desvincular o feminino da ideia de fragilidade e instabilidade. A decantada imprevisibilidade feminina é, em grande parte, decorrente das oscilações a que a mulher está submetida, ao longo de seu ciclo mensal. É a expressão da imprevisibilidade da própria vida. O ciclo hormonal feminino apresenta dois pontos culminantes: a ovulação e a menstruação. O pólo branco da ovulação, chamado muitas vezes de rio da vida, é o pólo ovariano, procriativo, momento do ciclo em que, biologicamente, a mulher se coloca plenamente ao serviço da espécie. O pólo vermelho da menstruação, também chamado de rio da morte, é o pólo uterino, quando a mulher se volta para si mesma. Ou pelo menos deveria, pois a arte de menstruar, a habilidade de fluir com a vida, é o momento em que somos chamadas para dentro, a fim de nos curarmos a nós mesmas.


Desprezada e negligenciada, não é de estranhar que a menstruação revide. A TPM (Tensão entre Patriarcado e Menstruação) é a expressão do conflito que nós mulheres vivemos, entre voltarmo-nos para o acontecimento sagrado dentro de nós ou atender à demanda do mundo externo. O período menstrual torna-nos mais sensíveis, captando os acontecimentos em torno de nós através de uma lente de aumento e reagimos de acordo. Se aprendermos a respeitar o movimento energético que acontece no nosso interior, poderemos usar esta sensibilidade de um modo mais significativo e reverter a depreciação a que o sangramento foi submetido, recuperando a sua sacralidade.

Como mulheres modernas, inseridas num mundo que funciona de acordo com os valores masculinos, nem sempre podemos recolher-nos na cabana da menstruação, como faziam as nossas antecessoras, onde descansavam e partilhavam as suas experiências. Mas podemos reduzir as nossas atividades ao mínimo, deixando para outro momento algumas delas. Também podemos recolher-nos para dentro de nós, enquanto executamos as atividades diárias que nos competem. Depois de cumpridas as tarefas, podemos retirar-nos para um lugar tranquilo e prestar atenção ao que acontece no nosso útero, observar as sensações e os sentimentos, os sonhos que emergem. O período menstrual é o momento em que podemos aprender mais a nosso respeito e curar as nossas feridas. Assim reverenciada, a arte de menstruar pode ser recuperada, possibilitando uma vida mais plena e feliz como mulher.


Nota: Existe a alternativa ao penso higiénico, a mooncup. Veja aqui.
Imagens: Google

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Honrar a Feiticeira

Encontrei este texto enquanto procurava sobre a deusa Noctiluca.

A condenação destas mulheres livres e sábias ainda agora continua a ensombrar a nossa psique...

“Michelet fala da feiticeira da Idade Média, conselheira, médica, adivinha e parteira. Ela era a única salvação da vida entediante e sofrida dos camponeses; ela trazia o sonho e a possibilidade de realização de desejos contidos numa época em que o clero e o sistema feudal impunham leis rígidas contra o corpo e a voz e, por que não dizer, contra a alma.
O medievalista Paul Zumthor fala-nos dessa época em que o corpo e a voz humanas eram condenadas à inércia, pelas rígidas leis cristãs, tais como o jejum, o voto de silêncio, a castidade e a autoflagelação, normas essas que se dirigiam contra as necessidades básicas do corpo humano: a fala, o movimento (imaginário e físico) e a voracidade.

Como manter inerte um corpo que palpita, que lateja, que tem como características primeiras o movimento e a fala? Como calar a voz?

O patriarcalismo cristão tentou calar a voz da mulher, paralisou o seu corpo e condenou-a a viver “fora da lei”, pois era impossível adequar-se a leis tão rígidas, tão mortais. Para não morrer, foi obrigada a estabelecer-se na “bordas” dum mundo marginal, num submundo, vivendo sempre à beira. O patriarcalismo cristão foi um indício da interpretação deformada do complexo de crenças que originou a chamada bruxa."
Ritos Encantatórios, os Signos que Serpenteiam as Chamadas Bruxas, Vânia Cardoso Coelho, S. Paulo, Annablume, 1998 (adaptado)
Pode ler aqui

sábado, 14 de agosto de 2010

O PRAZER DE NASCER

Estaremos prestes a livrar-nos da milenar maldição bíblica?



"Um parto orgasmico é possível! Conheço muitas mulheres e aqui msm perto de casa que o tiveram! Todo o mecanismo hormonal do corpo está criado para isso mesmo! Os hospitais e a obstetrícia altamente interventiva é que não querem nem o pode...m admitir :) Mas sim há muitos bebés a nascer em pura luz e puro amor nas mais altas frequências. Em Portugal há a Humpar uma associação da qual faço parte e que ajuda as mulheres que querem tomar este caminho." Comentário de Ana Alpande (Facebook)
·

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

13 de AGOSTO, FESTIVAL GREGO DE HÉCATE

O dia 13 de Agosto era uma data importante no antigo calendário greco-romano, dedicada às celebrações das deusas Hécate e Diana, quando Lhes eram pedidas bênçãos de proteção para evitar as tempestades de Verão que prejudicassem as colheitas. Na tradição cristã, comemora-se no dia 15 de Agosto a Ascensão da Virgem Maria, festa sobreposta às antigas festividades pagãs para apagar a sua lembrança, mas com a mesma finalidade: pedir e receber proteção.Com o passar do tempo, perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate. Esta poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros. Para desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares, segue um resumo dos aspectos, atributos e poderes da deusa Hécate. Mirella Faur



ARQUÉTIPO DA TRANSFORMAÇÃO E TRANSMUTAÇÃO

Hécate é também um vaso-útero, que recebe os processos passados no interior da psique. Ela é o vaso alquímico que permite a transformação e transmutação dos elementos materiais em espirituais. Hécate habita as grutas e cavernas. E para sermos fertilizados pela semente da criação espiritual e do renascimento psíquico temos de visitar a sua morada, fazer a entrada no reino dessa deusa. Ela é a Caverna-Mãe onde se dão os processos espirituais.
Muitos mistérios e ritos de iniciação se passavam no interior das grutas e cavernas.
Hécate é a regente dos processos misteriosos da vida e da morte, das passagens difíceis da vida, da entrada nos caminhos árduos da transformação.
A Deusa nos diz que as mudanças servem para determinar o nosso comportamento e que devemos ter cuidado com os caminhos falsos ou atalhos inadequados. O caminho, por vezes, pode não ter muita importância, mas premente é a necessidade de fazer a passagem.
Hécate estava por perto quando Perséfone foi raptada por Hades, mas não interferiu, porque ela sabia que as passagens são necessárias, às vezes não importam os caminhos. Mas é Hécate que ensina e ajuda Deméter a achar o caminho para recuperar a filha Perséfone.
A entrada no mundo inferior é necessária para o contacto com as fontes internas da fertilidade, mas é preciso saber o caminho de volta para poder tornar consciente toda a possibilidade criativa. Enquanto houver o mergulho no mundo inferior, a consciência pode adormecer e descansar, e novamente será renovada e frutificará com a volta.
Hoje podemos relacionar-nos com Hécate como uma figura guardiã do nosso inconsciente, que tem nas mãos a chave dos reinos sombrios que há dentro de nós e que traz as tochas para iluminar o caminho para as profundezas do nosso interior.
A nossa civilização patriarcal talvez nos tenha ensinado a temer esta figura, mas se confiarmos nas suas energias antigas, encontraremos nela uma gentil guardiã.
Ela está presente em todas as encruzilhadas que existem em todos os níveis do nosso ser, manifestando-se como espírito, alma e corpo. Devemos reconhecer que a imagem terrível, tenebrosa e horrenda de
Hécate é um mero registo do medo inconsciente do feminino que os homens, imersos num patriarcado unilateral, projetaram ao longo de milénios nesse arquétipo.
Temos que encarar a nossa Hécate interior, estabelecer uma relação com ela e, confiando na sua assistência, permitir a nós mesmas o desenvolvimento duma percepção desse rico reino do nosso Mundo Inferior Pessoal. Somente por meio dessa atitude poderemos tornar-nos seres integrados, capazes de lidar com as polaridades sem projetar de imediato dualismos.
Ao passar por uma encruzilhada, irá deparar-se com Hécate e ela dirá que as nossas vidas são feitas de escolhas. Não existem escolhas certas ou erradas, mas somente escolhas. Independente do que escolher, a experiência, por si só, já é algo valioso. Hécate insiste para que não tenhamos medo do desconhecido. Os desafios apresentados precisam de um salto de fé da pessoa que faz a escolha. Confie que será capaz de fazer uma escolha quando chegar a hora. Conceda-se tempo e espaço, nunca se censure ou se culpe, faça apenas a sua escolha.
Rosane Volpatto

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A RENDIÇÃO AO AMOR


Vem de Glastonbury, da conferência da Deusa, esta bela e poderosa mensagem da Deusa do Amor. Chegou até mim via Vera Faria Leal:




Saibam que estão sempre comigo e Eu em vós.
Habitem o vosso corpo como se me vestissem a mim: que o prazer, o respeito e o amoroso nutrir sejam a forma de se relacionarem com esse corpo maravilhoso que vos dei, altar tecido no meu ventre. Amem as vossas Yonis, os vossos linghams, como a mim mesma.
Irradiem a alegria que não tem fim, que vive na taça do vosso coração.
Amem, amem, amem!
Recebam com deleite a minha abundância de ar, água, fogo e terra.
Visitem-me todos os dias, na paixão do vosso ventre, na compaixão do vosso coração, no riso do vosso olhar, na gratidão dos vossos lábios, na saudação ao sol, no caminhar na floresta, no marejar das ondas, no silvo do vento.
Tenham flores e espigas na vossa casa, recordando continuamente o meu corpo-alimento e a minha eterna doação a vós, Amados filhos e filhas.
Reconciliem-se com a Vida, aceitando amar e ser amados.
Há tanto Amor para vós!
Que nessa rendição ao Amor, possam recordar que são todas/os irmãos e irmãs, partes de uma mesma família, troncos de uma mesma raiz. Celebrem-se mutuamente, e a árvore crescerá forte e gloriosa, até ao templo do céu.
Eu vim para vós, dancem para mim, com entrega e ritmo,
Façam amor como o sol e a lua, a terra e o oceano.
Respirem-me em vós todos, bebam-me na inspiração e na esperança, saibam que são muito amados e que vivem na eternidade comigo, agora e aqui.
Abençoados sejam,
A Mãe Divina.

A DEUSA HISPÂNICA - LA DAMA DE ELCHE

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CELEBRAR AS DÁDIVAS DA NATUREZA



Festival de Lammas ou Lughnashad

"Lammas significa “massa”, e é um nome que somente na Idade Média começou a ser usado para se referir a Lughnashad. É o primeiro festival dos Sabaths das colheitas e é celebrado, no nosso hemisfério, no final de Julho, princípio de Agosto.
Este festival também é conhecido como “o Sabath das primeiras frutas” e as cores desta celebração são castanho, laranja, vermelho, amarelo.
É hábito fazer-se pães com os primeiros grãos das colheitas para honrar a união da Deusa com o Deus, Aine e Lugh para os celtas, que através dessa união geram a fertilidade. Damos também graças por tudo o que recebemos.
Outra das actividades deste Sabath é acender velas nessas cores em honra da Deusa e do Deus, e saborear comidas e bebidas que se tornam sagradas neste dia pela bênção da Deusa e do Deus: ervas frescas, frutas e vegetais, pão de milho, amoras pretas, tortas, sidra e vinho
tinto.


Se deseja fazer um pequeno acto de sintonia com este festival dos grãos e das frutas faça uma lista com as suas metas para o futuro e depois enterre-a num pote com aveia. Guarde o pote até realizar as suas metas ou até que termine o prazo que determinou; depois desse tempo lance a aveia ao vento e peça às Fadas que lhe devolvam em impulsos criativos cada um dos grãos de aveia."


Fonte: http://deusario.com/lammas-e-imbolc/