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sábado, 8 de março de 2025

Feliz Dia da Mulher 2025

 

Hella Haasse, por Diana Vandenberg

Esta manhã recebi uma mensagem da minha amiga Fernanda B. que gosta de estudar e de nos trazer de vez em quando estatísticas precisas e bem investigadas:


Olá Amigos!

Ora então… aí vem (outra vez?!), o Dia Internacional da Mulher, devidamente alindado com flores e chocolates…

E…, como era de prever… cá estou eu (outra vez?!) a discordar de um dia dedicado ao GÉNERO feminino.

Alguns de vós já estarão a retorquir: “…tens de entender que o “Dia” se justifica pois é uma chamada de atenção para a violência exercida sobre a Mulher”.

Ai sim?! Então por que é que a violência sobre a Mulher tem vindo a aumentar?!  … apesar da quantidade de “Dias” dedicados ao “Género Feminino”, como:

·         “Dia Internacional da Mulher – 8 de Março”,

·         “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres – 25 de Novembro”,

entre outros, de certa forma relacionados:

·         “Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência – 11 de Fevereiro”,

·         “Dia Internacional para Eliminação da Violência Sexual em Conflito – 19 de Junho”,

·         “Dia Internacional das Mulheres na Diplomacia – 24 de Junho”,

·         “Semana Mundial do Aleitamento Materno – 1 a 7 de Agosto”,

·         “Dia Internacional das Meninas – 11 de Outubro”,

·         “Dia Internacional da Mulher Rural – 15 de Outubro”,

·         “Dia Mundial para a Prevenção e Cura da Exploração, Abuso e Violência Sexual Infantil – 18 de Novembro”

Em Portugal, de acordo com Boletim estatístico "Igualdade de Género em Portugal", em 2023 registaram-se 30.461 ocorrências por violência doméstica (em 2022, tinham sido 26.520 ocorrências), das quais apenas 4.141 resultaram em condenações dos agressores. A “esmagadora maioria das vítimas de violência doméstica” são mulheres (sete em dez, em 2023) e “a larga maioria” de pessoas denunciadas e condenadas são homens (oito em dez, em 2023)

Se acompanharem os relatórios anuais das Nações Unidas, “Gender-related killings of women and girls (femicide/feminicide)”, poderão constatar que, globalmente, o número de mulheres e meninas mortas pelos seus parceiros íntimos ou outros membros da família foi, aproximadamente,

·         2021 - 45.000

·         2022 – 48.000

·         2023 – 51.000

E não estão aqui referidos os 612 milhões de mulheres e meninas afectadas por guerras, mulheres que enfrentam situações brutais devido às intervenções militares, fonte de um tremendo genocídio de mulheres, muitas vezes acompanhado de violência sexual extrema e impunidade para os seus agressores.

Em 2023, a proporção de mulheres mortas em conflitos armados duplicou em comparação com 2022. Quatro em cada dez pessoas que morreram em consequência de conflitos em 2023 eram mulheres. Os casos de violência sexual relacionados com conflitos verificados pela ONU aumentaram 50% e o número de meninas afectadas por violações graves aumentou 35%.

Digam-me vocês…

Sempre fomos assim ou, em algum momento, algo muito errado aconteceu?!

Dei a este texto o título “O Sagrado Feminino”, ao qual até devia ter acrescentado “ e O Sagrado Masculino”, porque, na verdade, ambos deveriam estar juntos… e estão em desequilíbrio.

Os homens e as mulheres de hoje são seres frágeis e manipuláveis porque, algures no passado, perderam o CONHECIMENTO de quem realmente são, deixando-se levar pela cultura imposta pelas religiões, pelo mercantilismo, pelo domínio territorial., ou seja, romperam a parceria com a Natureza, com a “Mãe Terra”, Ela também vítima de violência.

Vários filósofos e investigadores, como Rousseau, Freud entre outros, fizeram reflexões sobre como e a partir de quando o Ser Humano ficou condicionado a um modo de viver antropocêntrico, hierarquizado, escravizante e, em consequência, tão irremediavelmente conflituoso.

Como nasceu e germinou a civilização patriarcal, dominada por “sacerdotes, generais e mercadores”??

A cultura patriarcal preconiza que “homem que é homem não chora”, não se vulnerabiliza, usa a força física, assegurando assim que os jovens nunca cheguem a ser homens conscientes da sua inerente conexão com a Natureza, conscientes dos seus ciclos naturais, da sua capacidade de se conectar com o seu lado feminino e de viver o seu lado masculino de forma saudável, longe dos estereótipos tóxicos.

Líderes que equilibram as suas energias, masculina e feminina, tendem a ser mais justos, compassivos e eficazes, promovendo um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo. Equilibrar o Sagrado Masculino (analítico, racional, lógico, matemático) e o Sagrado Feminino (intuitivo, criativo, sensível e artístico) ajuda a reduzir comportamentos agressivos e violentos, promovendo uma cultura de paz e respeito.

Quando o homem perdeu essa ligação com o “Sagrado”, deixou de conseguir solidificar os seus valores e princípios, começando a desrespeitar o “Sagrado Feminino” que existe nas mulheres e também neles próprios.

A partir daí, o desequilíbrio instalou-se, dando origem à opressão e dominação masculina. A sexualidade foi um dos pontos mais marcantes. As religiões transformaram o acto de união entre homem e mulher ( divino e sagrado) em pecado…, o mercantilismo transformou-o em negócio… e a mulher fechou-se, para se defender de tanta subjugação e humilhação.

Acontece então que o impulso da mulher é entrar em luta contra os homens em geral.

Nos últimos cem anos, movimentos de mulheres têm lutado pela igualdade de oportunidades, a nível de cargos de liderança, diferenças salariais, responsabilizando os homens pela violência física e psíquica contra as mulheres…, mas o desequilíbrio permanece porque, nem homens nem mulheres acolheram ou respeitaram o Sagrado Feminino, a Energia que é maternal, que é beleza, afecto, sensualidade, criatividade, inspiração, intuição.

Para complicar, o falso binário de “GÉNERO” transformou-se numa ferramenta de divisão sexual, uma forma de desigualdade, que se articula com outras, como a classe, a etnia, a idade.

Esse é o mundo em que ainda nos encontramos…

Por isso é que algumas mulheres que estão em lugares de liderança não conseguem ainda resgatar, dentro de si, o Sagrado Feminino e usar a criatividade, a inspiração, a intuição, para ajudar os homens a criar um mundo de equilíbrio e harmonia…

Por isso e que Ursula van der Leyen saiu de uma reunião onde era suposto ser encontrado um Caminho para a Paz…, a dizer que é urgente fabricar armas… E, como dizia Eduardo Galeano: “As armas exigem guerras e as guerras exigem armas”

O conceito de “Sagrado Feminino” e “Sagrado Masculino” não é que “homens e mulheres” sejam opostos, mas que existem energias complementares dentro de cada Ser, que precisam de estar em equilíbrio.

O Sagrado Feminino é uma metade do Todo; o Sagrado Masculino é a outra metade. Juntos, eles criam um mundo de harmonia e equilíbrio.

 Apesar de tudo, estou optimista!  O despertar de consciência nos homens e mulheres tem sido cada vez maior, já se vão notando casos de integração do Sagrado Masculino e do Sagrado Feminino.

É o “Regresso a Casa”!!! É o voltar a ter respeito e confiança em nós próprios, honrar a nossa ancestralidade, a Mãe Terra, e desenvolver um olhar sagrado perante a Vida, para que a Humanidade se liberte das “amarras patriarcais” e possa construir um Mundo Novo!

Fernanda Barbosa