Por Shekhina
Weaver
"Ao tentar perceber
como, enquanto mulheres, participamos ativa e passivamente no patriarcado e em como poderíamos
recusar essa participação, facilmente ficamos bloqueadas com um sentimento de
"não há saída". Na verdade, a nossa participação acontece de várias formas
e primeiro precisamos de ser capazes de passar pelo processo de nomeação dessas
formas de colaboração para podermos depois começar a
pensar em e vislumbrar maneiras REAIS de nos libertarmos.
Esta manhã,
eu, Shekhina, fiz um brainstorming com o objetivo de nomear algumas das formas como participamos ativa e passivamente e algumas das maneiras pelas quais estamos literalmente aprisionados/escravizados pelo patriarcado.
A lista é,
naturalmente, incompleta, então sinta-se livre para adicionar a sua própria
nomeação e/ou discutir esta lista:
- Nós
mulheres estamos presas no sistema patriarcal por termos de
ganhar a vida fazendo trabalhos que sustentam direta ou indiretamente o
paradigma patriarcal do poder sobre a Vida e sobre as mulheres e outros seres humanos que podem
literalmente envolver a destruição da Terra;
- por termos
de utilizar máquinas (por exemplo, automóveis) ou tecnologias que destroem
vidas;
- sermos
forçadas pela própria situação económica a comprar produtos produzidos por
crianças e/ou mulheres e homens mal remuneradas/os e/ou implicar destruição
da Terra (tais como alimentos cultivados com pesticidas);
- termos que
entrar em espaços públicos sob a ameaça perpétua, mas muitas vezes não
reconhecida, de estupradores, assaltantes sexuais ou homens violentos (esta é a
situação de todas as mulheres em todo o mundo a cada momento, dia e noite);
- estarmos
num relacionamento com um parceiro abusivo que por algum motivo não podemos
deixar;
- sermos
forçadas a aceitar religiões e ideias, sistemas, práticas e políticas/sociais/ económicas e culturais destrutivas;
- termos que
aceitar que as nossas crianças sejam educadas em escolas e sistemas educativos patriarcais;
2. Nós, mulheres,
participamos ativa e voluntariamente no patriarcado, ou pelo menos
conscientemente, vivendo padrões de mestre/perpetrador/opressor:
- comprando
de forma voluntária máquinas, tecnologias, objetos, alimentos, roupas, lazer,
entretenimento, produtos que são gratuitamente produzidos por crianças e/ou
mulheres e homens e/ou produtos que envolvem destruição da Terra e/ou outras
formas de vida;
- sendo
líderes políticas em partidos com agendas que não passam por abordar e expor o patriarcado em cada palavra e ação e libertar a humanidade e
a Terra deste tipo de sistema;
- Voluntariamente tendo empregos que sustentam a destruição patriarcal e o paradigma do poder
sobre a vida e sobre as mulheres e outros seres humanos;
- unindo-nos
voluntariamente aos movimentos religiosos (tradicionais e da Nova Era) que não
têm como objetivo principal libertar e curar a humanidade e a Terra do
patriarcado;
- utilizando textos científicos, religiosos, espirituais, filosóficos, educacionais e
ideológicos que não abordam e exponham explicitamente a negatividade da
autoridade patriarcal;
- aceitando de bom grado que as nossas crianças recebam brinquedos de guerra, joguem jogos
destrutivos e participem em desportos competitivos e que as nossas filhas
recebam bonecas que parecem objetos sexuais;
- aceitando
de bom grado que as nossas crianças e adolescentes passem o dia no computador, em frente da televisão ou ouvindo música;
- entoando
com entusiasmo ideias masculinas sobre "o masculino e o feminino"
(especialmente a ideia de que o feminino é emocional, irracional, intuitivo,
recetivo e o masculino é lógico, racional, factual e ativo);
- competindo
com e degradando outras mulheres;
- silenciando
as mulheres que falam contra a violência masculina, os abusos sexuais, as
violações e as guerras, a violência contra a Terra e contra outras formas de
vida;
- participando
voluntariamente/vivendo a sexualidade pornográfica;
3. Nós
mulheres participamos do patriarcado passivamente, aceitando viver com
parceiros íntimos que não estão ativamente empenhados em libertar a humanidade
e a Terra do patriarcado;
- não
falando contra a violência masculina, o abuso sexual, o estupro, as guerras e a violência contra a Terra e outras formas de vida;
- não
abordando explicitamente e expondo o paradigma patriarcal do poder sobre a vida
e as mulheres como a raiz de todo o mal;
- não
designando explicitamente o patriarcado como a raiz da maior parte do
sofrimento no mundo;
- temendo a
rejeição emocional e a agressão do parceiro se nos recusarmos a ter relações
sexuais por um longo período enquanto ainda desejamos o contacto emocional e/ou sensual (esta é a situação de muitas mulheres também em relações íntimas que
são "amorosas" e baseadas na igualdade);
- não nos juntando
a outras mulheres para libertar e curar a humanidade e a Terra do patriarcado;
.
- não
questionando o patriarcado;
- tácita ou
abertamente sentindo e pensando que não é possível mudar nada;
- confiando
que a mudança virá e que nos estamos a mover para algo de bom sem fazermos seja
o que for para que isso aconteça;
-
acreditando que mudando-nos a nós mesmas mudamos o patriarcado;
- confiando que seja como for o bem ganhará;
-
acreditando que o sistema não pode ser tão mau quanto nós pensamos que é;
- sentindo-nos
intelectualmente inferiores aos homens;
- não nos sentindo fisicamente bonitas e/ou suficientemente boas em geral.
Bem, esta
foi a minha lista desta manhã. De que foi que me esqueci ou em que estou errada?"