Nos mails desta manhã, chega-me um texto da Carol Christ sobre a Economia da Dádiva, inspirando-se no exemplo da
sociedade cretense atual com que convive nas suas frequentes deslocações com
grupos de mulheres àquela ilha grega. Carol lembra-nos ainda o trabalho da
ativista Genevieve Vaughan sobre este modelo económico com provas dadas durante
milénios (de outro modo não estaríamos hoje aqui), que surge como uma solução para
substituir o modelo económico capitalista patriarcal vigente com o qual muito dificilmente
nos vamos safar, nós e o planeta…
O livro editado pela Genevieve Vaughan é este:
WOMEN AND THE GIFT ECONOMY
A
Radically Different Worldview is Possible
edited by Genevieve Vaughan
Por aqui ainda existem muitos resquícios deste tipo de economia,
sobretudo nos meios rurais, onde as bênçãos duma horta são normalmente
repartidas por familiares, amigos e vizinhos e outros bens são generosamente
partilhados. Quando nos tornámos “ricos” ficámos muito mais egoístas e pobres
de coração… acho.
Economia do Dom
"Em Ciências Sociais, economia do dom, economia da doação ou
economia da dádiva ou ainda cultura da dádiva é uma forma de organização social
na qual os membros fazem doações de bens e serviços valiosos, uns aos outros,
sem que haja, formal ou explicitamente, expectativa de reciprocidade imediata
ou futura, como no escambo ou num mercado. Todavia, a obrigação de
reciprocidade existe, não necessariamente envolvendo as mesmas pessoas, mas
como uma corrente contínua de doações.
A economia do dom é uma forma económica baseada sobre o
valor de uso dos objetos ou ações. Contrapõe-se portanto à economia de mercado,
que se baseia no valor de troca de bens e serviços. A doação é na realidade uma
troca recíproca com algumas características definidas por convenções e não por
regras escritas: a obrigação de dar, a obrigação de receber, a obrigação de
restituir mais do que se recebe.
A economia de dom caracteriza as chamadas economias
primitivas. Autossuficientes, elas podem realizar a troca do excedente produzido
pelos poucos bens que não conseguem produzir.
Um típico exemplo de economia de dom é a prática do Potlatch
dos indígenas americanos, como a economia dos iroqueses ou da Kula, a cerimónia
dos habitantes das ilhas Trobriand. (...)"