Acabo de receber este presente fabuloso! Bem na energia de Ostara, do tempo de honrar e celebrar a Donzela Exploradora. Precioso...
HEROÍNAS PORTUGUESAS:
Mulheres que Enganaram o Poder e a História. Ésquilo. 2012
INTRODUÇÃO
"Heroínas! O que são
Heroínas?
Tal como a Terra gira e se renova, na marcha do tempo e da vida, também as
heroínas mudam com os ventos da História.
Disse Robert Charroux que, se um homem matava outro, ia parar à cadeia como
criminoso. Se matava dez, metiam-no num hospital psiquiátrico, era tolo. Mas,
se matava milhares numa batalha, virava herói e erigiam-lhe uma estátua em
praça pública.
Outrora, as heroínas eram as mulheres “virago”, as que imitavam os homens
nas suas lutas guerreiras. Se alguma mulher pusesse esse mundo em causa, era
mal vista e desprezada pela sociedade.
Houve tempos em que as heroínas eram as que morriam em defesa da sua fé.
Nasceram assim as santas.
As “minhas” heroínas não estão em paralelo com os heróis. São outras.
Não sei se as heroínas selecionadas para esta obra serão heroínas para toda
a gente. Mas são as “minhas” heroínas, aquelas que considero valorosas em nosso
tempo.
Heroínas são, para mim, mulheres que fizeram algo fora do comum, novo,
digno de registo, que provocou transformações sociais e mudanças de
mentalidade. Estão ligadas à via, à mudança, nunca à morte. São aquelas que
superaram a tragédia ou estigma de terem nascido do sexo feminino. As que
vieram ao mundo para pôr em causa esse mesmo mundo. As que romperam o próprio
conceito de sagrado que até esse tem sido masculino. Assim, uma moça de Coimbra
foi morta pela Inquisição, porque não era filha amada de Deus como sempre lhe
disseram. Ela atreveu-se a ser representante Dele na terra e ser padre jesuíta
durante 18 anos.
Também houve mulheres que descobriram que, afinal, não eram filhas dos homens.
Estes, os que tinham poder, em vez de as tornarem felizes, como filhas amadas,
serviram-se delas, roubando-lhes os filhos e bens, e nas leis destinaram-lhes
apenas proibições. Rompendo essas proibições, não cumprindo o determinado pelos
senhores, o que exigiu sempre coragem e sofrimento, eis as novas heroínas!
Heroínas, para mim, foram as que abriram caminhos. As que derrubaram portas
fechadas. As que enganaram o poder e as normas para sobreviver. As que
suportaram a morte, o desprezo, a crítica, o abandono para que um novo mundo nascesse.
Para que na vida houvesse mais felicidade e as mulheres, meia humanidade deste
planeta, também pudessem saborear o conceito de liberdade.
As heroínas deste livro, na medida em que são desconhecidas, ou quase, demonstram
que o próprio tempo as aprisionou e foi enganado por elas. Este livro tenta
libertá-las da prisão da história e de mentalidades de tempos idos. Esta é uma
maneira de as cantar e de lhes agradecer.
As heroínas perpetuadas nesta obra são mulheres de quem me orgulho, como
vindoura."
Fina d’ Armada
Rio Tinto
Junho de 2012
Fina d’ Armada (1945-2014) foi uma das historiadoras e escritoras mais originais
e prestigiadas do nosso tempo. Recebeu em 2005 “Mulher investigação Carolina
Michaëlis”.
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